Projeto Plateias Hospitalares, dos Doutores da Alegria, integra ações de humanização da Secretaria de Estado de Saúde

“O que são 9 minutos para Deus?”. Essa foi a pergunta que a produtora de eventos Amanda Macena, 36 anos, fez ao saber que sua mãe, Ivanilda Macena, 75, tinha levantado do leito da enfermaria do Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL), em Niterói, para dançar ao som de músicas de Geraldo Azevedo, Luiz Gonzaga, Alceu Valença e Dominguinhos entoadas pelos artistas do cortejo junino “Arraiá do Entre Cantos”, que se apresentou no hospital no dia 18 de junho.

Ver dona Ivanilda cantando e dançando forró deixou Amanda e a equipe médica e de enfermagem admirados, já que poucos dias antes a idosa teve uma parada cardiorrespiratória que durou 9 minutos e a deixou 16 dias intubada, em coma na UTI da unidade, em estado considerado muito grave.

“Quando minha mãe deu entrada no Azevedo Lima, dia 1º de junho, o médico disse que ela era a paciente mais grave do hospital porque ficou muito tempo parada e, se sobrevivesse, poderia ter sequelas graves”, explica Amanda.

Moradora de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, dona Ivanilda estava em Niterói participando de um retiro religioso quando passou mal e foi levada para o HEAL, no bairro do Fonseca. A idosa já tinha sido diagnosticada com arritmia cardíaca e aguardava para fazer a cirurgia de implantação de um marca-passo. Uma baixa no índice de potássio agravou o quadro e provocou a parada cardíaca.

“Depois de 16 dias na UTI, minha mãe acordou e foi uma grande surpresa para todos porque ela não teve sequelas. Mesmo com a melhora, o quadro dela ainda inspirava muitos cuidados. Até o dia em que surpreendeu ainda mais quando levantou do leito, toda animada, cantou e dançou um forrozinho. Foi quando me dei conta de que para Deus nada é impossível. O Azevedo Lima tem uma equipe maravilhosa, que faz um atendimento humanizado. Quero agradecer a todos que cuidaram da minha mãe e também a essa iniciativa de proporcionar aos pacientes momentos de alegria e prazer com as apresentações musicais. A música com certeza contribuiu para a recuperação da minha mãe”, afirma a produtora de eventos.

Música e dança ajudam na recuperação

Dona Ivanilda foi transferida no dia 2 de julho para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na Ilha do Fundão, onde colocou o marca-passo. No dia 4 de julho ela teve alta. A idosa é um exemplo dos efeitos de paz e alegria provocados pelo poder da música nos pacientes.

O cortejo junino que se apresentou no HEAL e animou dona Ivanilda faz parte do projeto Plateias Hospitalares, realizado pela organização Doutores da Alegria, e integra as ações da Assessoria Técnica de Humanização da Secretaria de Estado de Saúde (SES). A iniciativa coloca em prática o conceito do hospital como um palco possível para diversas manifestações artísticas.

No projeto, que existe desde 2009, companhias artísticas independentes levam uma vez por mês apresentações de teatro, música, circo e dança a unidades públicas de saúde do Estado do Rio de Janeiro. Tais ações ampliam cada vez mais as relações entre arte e saúde, contribuindo diretamente para o bem-estar de quem está impossibilitado de ter acesso à cultura.

“O Plateia Hospitalares vem oferecendo arte  e cultura aos nossos usuários internados, utilizando o hospital como um grande palco para manifestações artísticas diversas. É um projeto importantíssimo para os nossos pacientes e familiares, porque diminui bastante o estresse durante a internação hospitalar”, explica Rafael Fornerolli, assessor técnico de Humanização da SES.

As apresentações promovidas pelo Plateias Hospitalares têm duração média de duas horas e percorrem as UTIs, enfermarias e áreas comuns levando alegria para pacientes e funcionários das unidades por onde passam.

Além do Azevedo Lima, os artistas também se apresentam nos hospitais estaduais da Mulher e Eduardo Rabello. Desde o início do projeto, em 2009, já foram realizadas mais de 800 apresentações para mais de 150 mil pessoas, envolvendo mais de 500 artistas.