
“Leitura sem fronteira” foi implantado no Hospital Estadual Azevedo Lima e será estendido a outras unidades da SES-RJ
Três estantes móveis, que deslizam sobre rodas, passam agora, diariamente, pela maternidade e outros setores do Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL), em Niterói, com livros de diversos gêneros literários oferecidos a pacientes. É o projeto “Leitura sem fronteira”, que acaba de ser lançado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), e tem o objetivo de tornar o período de internação mais agradável.
A iniciativa segue os passos do antigo programa “Mais leitura, mais saúde”, organizado desde 2015 pela SES-RJ, em parceria com a Imprensa Oficial. Desta vez, a ação é inteiramente desenvolvida pela SES-RJ, sob os cuidados da Assessoria Técnica de Humanização.
“Um problema que pode acontecer com pacientes internados é o do estresse hospitalar, já que eles deixam o seu meio social, o convívio com o qual estão habituados. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde é o bem-estar não somente físico, mas também social e mental. E a leitura é importantíssima para o bem-estar mental”, avalia o coordenador da Assessoria Técnica de Humanização da SES-RJ, Rafael Fornerolli.
Os livros que fazem parte do catálogo do projeto “Leitura sem fronteira” foram doados à SES-RJ pela organização da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, cuja edição mais recente aconteceu no ano passado.
Novidade agrada pacientes
A dona de casa Rafaele Martins entrou no último mês de gravidez e aguarda a chegada de uma menina. Internada na maternidade do HEAL com quadro de diabetes gestacional, ela se mostra muito animada com a possibilidade de distração que os livros proporcionam.
“Eu gostei desse projeto que estão fazendo no hospital. É bom para as mães, nós nos distraímos, não ficamos somente com o foco no telefone celular. Abre mais a mente. Eu adoro ler romances. As novidades são sempre boas para o hospital e para os pacientes”, declarou.
Garçom e motoboy, Frankie Alla sofreu um grave acidente de moto e passou por uma cirurgia. “Eu adorei quando soube desse projeto. Minha esposa estava comigo aqui, me acompanhando, e precisou sair. Fiquei meio sem saber o que fazer, até me sentindo meio enjoado. Aí entraram na enfermaria com essa estante cheia de livros. Eu me animei. E liguei logo para a minha esposa para contar do projeto, e peguei um livro com mais de 300 páginas”, disse.
Assessora de Humanização do HEAL, Fabiane Gil, esclarece que o “Leitura sem fronteira”, como o nome sugere, não se restringe somente aos pacientes. “Os funcionários do hospital também podem escolher o livro pelo qual se interessam. A ideia é promover o incentivo à leitura para todos”, conta.
Benefícios da leitura
A data de 13 de junho, escolhida para o início do “Leitura sem fronteira”, coincidiu com a comemoração pelo nascimento do poeta português Fernando Pessoa (13/06/1888 – 30/11/1935), batizado Fernando Antônio por ter vindo ao mundo, exatamente, no Dia de Santo Antônio.
Não é de hoje que os benefícios da leitura para a saúde são mundialmente conhecidos. Já na Grécia Antiga, a representação de tragédias como Antígona, de Sófocles, ou Medeia, de Eurípedes, eram vistas como “remédios para a alma”. Hoje em dia, é cada vez mais estudada a biblioterapia, metodologia desenvolvida ao longo do século XX, que consiste, em linhas gerais, na seguinte proposta: para cada tipo de doença, há a indicação de um livro específico.
Depois de ser implementado no Hospital Estadual Azevedo Lima, o projeto“Leitura sem fronteira” será estendido ao Hospital Estadual Dr. Ricardo Cruz, em Nova Iguaçu.
“Queremos ampliar o acesso à leitura nas unidades estaduais de saúde, de modo a diminuir o estresse dos pacientes e estimular sua imaginação e suas funções cognitivas”, finaliza Rafael Fornerolli.