Educação ambiental e prevenção de riscos: socioeducação como estratégia de futuro

Projeto no Criaad Teresópolis alia desenvolvimento social, proteção ambiental e gestão de riscos na Região Serrana

Em um mundo cada vez mais impactado pelas mudanças climáticas e desastres ambientais, a educação socioambiental se torna ferramenta essencial para formar cidadãos conscientes e preparados para enfrentar os desafios do presente e do futuro. No sistema socioeducativo, essa missão também é realidade.

O Projeto “Caminhos Possíveis”, desenvolvido no Criaad Teresópolis, unidade de semiliberdade do Degase na Região Serrana do Rio, transforma a relação dos adolescentes com o território, o meio ambiente e a própria história local. A iniciativa, que integra a programação fixa da unidade desde janeiro de 2025, é fruto da parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) e o Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Educação que conecta território, meio ambiente e cidadania

As atividades são pensadas para promover não apenas o contato com a natureza, mas também desenvolver habilidades práticas, como orientação geográfica, leitura de mapas, uso de bússolas e interpretação de dados ambientais, além de despertar a consciência sobre os riscos geológicos que fazem parte da realidade da Região Serrana.

Os adolescentes participam ativamente de oficinas e no encontro mais recente puderam realizar trilhas de orientação e práticas de mapeamento, que envolvem desde a identificação de áreas de risco — como encostas sujeitas a deslizamentos — até a reflexão sobre ocupação urbana, impactos ambientais e políticas públicas de prevenção.

A metodologia inclui o uso de ferramentas como o Story Map, que permite visualizar o território de Teresópolis e classificar pontos em três categorias: área segura, área de possível risco e área de risco evidente. A partir disso, são desenvolvidas dinâmicas práticas, como a navegação por pontos dentro do próprio terreno da unidade e a realização de trilhas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) com estações de perguntas e reflexões sobre meio ambiente, prevenção de desastres e sustentabilidade.

Desastres que mudaram a história e geraram políticas de prevenção

O contexto local não é teórico. A tragédia climática que atingiu a Região Serrana em janeiro de 2011, com deslizamentos, enchentes e mais de 900 mortes, serve como ponto de partida para compreender os riscos e a necessidade de políticas públicas de prevenção e gestão de desastres. O evento resultou na criação de instrumentos fundamentais, como o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, o CENAD e o CEMADEN, responsáveis hoje pelo monitoramento e alerta de desastres naturais no Brasil.

Socioeducação que gera impacto além dos muros

Com o diferencial de oferecer conhecimento técnico, o projeto fortalece o senso de pertencimento e responsabilidade dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa. A partir da educação ambiental, eles desenvolvem competências que podem ser aplicadas tanto na vida pessoal quanto em futuras oportunidades profissionais, especialmente em uma região onde a agricultura familiar, o ecoturismo e a gestão ambiental são atividades econômicas relevantes.

Com a iniciativa, o aprendizado não fica restrito aos limites da unidade e promove uma educação que conecta território, cidadania e meio ambiente. Dessa forma, o Degase reafirma que a socioeducação é, também, uma política pública que contribui para a construção de comunidades mais resilientes, sustentáveis e preparadas para os desafios do mundo atual.

Texto em parceria com os universitários de Geografia da UFRJ participantes do projeto