O arroz com feijão bem feito do Rio
O arroz com feijão bem feito do Rio
TECNOLOGIA

O arroz com feijão é mais do que uma combinação culinária popular no Brasil: é parte fundamental da identidade e da dieta do povo brasileiro. Essa tradicional mistura de grãos também é cultivada no Rio de Janeiro, para orgulho da população fluminense.

O arroz e o feijão produzidos por aqui não alimentam apenas o corpo, mas também nutrem a alma, incorporando séculos de história, cultura e tradição. Sua simplicidade esconde uma riqueza nutricional que tem sustentado gerações, oferecendo fonte acessível e completa de nutrientes essenciais para uma dieta saudável.

O arroz é uma excelente fonte de carboidratos complexos, fornecendo energia de longa duração, enquanto o feijão é rico em fibras, proteínas e uma variedade de nutrientes essenciais, incluindo ferro, potássio e folato.

Além de seus benefícios nutricionais, o arroz com feijão desempenha papel importante na economia estadual. Agricultores do Noroeste Fluminense têm obtido bons resultados com o cultivo do arroz irrigado e com a sucessão de plantio com o feijão em várzeas úmidas. Entenda melhor essa história.

O cultivo do arroz no estado

Arroz

Há mais de 40 anos, a Pesagro-Rio realiza pesquisas destinadas à melhoria do cultivo do arroz e do feijão. A articulação pesquisa-extensão leva aos pequenos e médios produtores tecnologia e conhecimento para semear os melhores grãos e garantir a rentabilidade na colheita e no beneficiamento.

A rizicultura no Rio de Janeiro é desenvolvida nas baixadas, com predominância na região Noroeste Fluminense. Nas Baixadas Litorâneas, predominam solos orgânicos e, no Noroeste Fluminense, solos hidromórficos aluviais de várzeas de alta fertilidade. O cultivo é realizado de outubro a maio, com temperaturas favoráveis em torno de 26 graus centígrados.

 De acordo com o pesquisador Silvino Amorim Neto, que coordena as pesquisas com arroz na Pesagro-Rio, na região é possível produzir diversas cultivares de arroz irrigado. “São de alto potencial produtivo, com excelente qualidade de grão, elevando a produtividade média de 1.300kg/ha para 4.200kg/ ha, sendo comum, atualmente, alguns produtores colherem acima de 6.000kg/ha”, explica o pesquisador.

As cultivares de arroz que têm apresentado bons rendimentos são as de porte médio (100cm), com ciclo biológico de 145 dias, 70% de rendimento de máquina e 90% de grãos translúcidos. “Predomina no estado a exploração da cultura por pequenos produtores da agricultura familiar. Nas Baixadas Litorâneas, a semeadura e a colheita são mecanizadas e a secagem é feita na Unidade de Beneficiamento. Na região Noroeste Fluminense, a semeadura e a colheita são manuais, utilizando-se a trilhadeira no beneficiamento e a secagem é feita em terreiro”, explica Silvino.

Atualmente, a empresa de pesquisa do estado tem dois trabalhos com arroz: a recomendação de grãos com alto nível nutricional para o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que estabelece valor de comercialização diferenciado do mercado, favorecendo o pequeno produtor; bem como a exploração do nicho de mercado com grãos gourmet (arroz preto e arroz vermelho).

A feijoada carioca garantida

Feijão

O feijão é cultivado em todo o estado, com destaque para as regiões Norte, Noroeste e Serrana, notadamente por pequenos produtores, que vêm perdendo área para as pastagens. Ultimamente, predomina o cultivo de subsistência, com baixa tecnologia, entretanto alguns cultivos empresariais vêm sendo observados, com rendimento três vezes maior do que a média estadual.

Segundo o pesquisador da Pesagro-Rio Benedito Fernandes de Souza Filho, responsável pelas pesquisas, “é uma cultura de alto risco e exigente. O clima ameno é o ideal, o que favorece a região Serrana, já que a cultura do feijão não suporta altas temperaturas. Na floração, pode ser comparado às olerícolas; quanto à favorabilidade de solo e clima, devido ao ciclo curto de recuperação de condições adversas, os primeiros 30 dias de cultivo são o período crítico da cultura, quando precisa de atenção especial”, explica.

O uso de cultivares adaptadas é a principal recomendação da pesquisa para os produtores fluminenses. Entretanto, a falta de sementes constitui o principal entrave ao aumento da produção e da produtividade em nível nacional.

Em função da tradicional feijoada carioca, o consumo local é enorme, cerca de 300 mil toneladas anuais. No entanto, a produção de feijão é muito baixa, sendo cultivado apenas por pequenos produtores. Por isso, a Pesagro desenvolve pesquisas para ampliar o cultivo. Além de ser excelente para a economia do estado, o feijão faz parte da tradição da população.

Pesquisadores

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