Pitaya conquista o paladar do consumidor brasileiro
Pitaya conquista o paladar do consumidor brasileiro
FRUTICULTURA

Conhecida como fruta exótica, a pitaya também é chamada de fruta-dragão por causa da sua casca escamada. Com sabor doce e ácido que lembra um pouco o kiwi, a pitaya ou pitaia é um fruto de espécie variada de cactos epífitos. Nativa da América Central e do México, a fruta vem cada vez mais caindo no gosto do consumidor brasileiro, despertando o interesse dos produtores rurais.

“No México, país onde a pitaya é encontrada crescendo de forma nativa na natureza, ela é servida como salada, junto com a refeição, no café da manhã, como sorvete e em drinks.  Pela sua versatilidade de consumo, cor, textura e sabor suave, capaz de harmonizar com outros alimentos, além de ser nativa de região de clima tropical, como o clima no Brasil, achei que seria uma opção interessante para ser explorada e comecei a estudar a espécie”, conta o produtor, pesquisador e especialista em pitaya Hugo Zóffoli.

As plantas cultivadas de pitaya estão relacionadas a diferentes espécies que se desenvolveram naturalmente por todo o continente americano (América do Sul, América Central e América do Norte), em região que compreende o Norte da América do Sul, incluindo o Brasil, passando por toda a América Central e o Sul da América do Norte (México e estado da Flórida-EUA). 

A pitaya foi levada à Ásia pelos colonizadores franceses, onde obteve grande aceitação para consumo e adaptação agronômica, propiciando grande expansão de seu cultivo em países do continente, hoje responsáveis pelas maiores produções e exportações mundiais, o que deixa a impressão de que a fruta é originária daquela região, devido à grande divulgação em países como Vietnã, maior produtor e exportador mundial, China, Indonésia, Taiwan e Tailândia.

O cultivo comercial da pitaya no Brasil é recente e teve início há 20-30 anos. No entanto, a área cultivada e o volume comercializado têm crescido bastante, principalmente em função da adaptação a todas as regiões do país e à crescente demanda, impulsionada por suas propriedades nutracêuticas.

A pitaya se adapta bem a diferentes climas e solos, podendo ser cultivada desde a Região Serrana até as Baixadas Litorâneas do Estado do Rio de Janeiro. 

De acordo com Hugo Zóffoli, “o agricultor deve iniciar pela escolha da variedade, que vai além da classificação pelas características dos frutos (casca e polpa), devendo levar em consideração características de autopolinização, tolerância a doenças, tolerância ao calor ou ao frio, susceptibilidade a rachaduras dos frutos, produtividade e época de produção, entre outras.”

Cultivo e comercialização

Escolhida a variedade, o produtor deve pensar na estrutura de condução que irá sustentar as plantas. A planta de pitaya apresenta característica de arbusto trepador e necessita de sistema de suporte para que o seu crescimento não ocorra de forma generalizada e rasteira, permitindo que as práticas de manejo e, principalmente, a colheita dos frutos sejam feitas de forma facilitada. 

Estruturas

Diversas são as estruturas de sustentação que podem ser utilizadas e não existe uma em específico que seja soberana às outras. Cada local de plantio deve levar em consideração suas peculiaridades e, principalmente, a disponibilidade e custos na aquisição dos materiais de sustentação. Os principais tipos de condução são palanques, espaldeira, parede de malha, tutor vivo, pilha de pneu e hidropônico, sendo o mais comum a condução em palanques de concreto ou madeira tratada.

As plantas devem receber adubações ao longo do ano de acordo com a análise do solo e da exigência da cultura. Podas de limpeza e manutenção devem ser realizadas ao longo de todo o ciclo. Apesar de ser uma cactácea, a produtividade das plantas responde muito bem à irrigação. 

A capina com enxada não é possível no cultivo da pitaya, pois o sistema radicular encontra-se totalmente superficial ao solo, devendo ser realizadas somente roçadas da área, evitando-se a permanência de outra vegetação que tenha predomínio radicular de forma superficial, como as gramas. Além disso, o produtor deve adotar práticas culturais para controle de algumas pragas e doenças.

A colheita dos frutos ocorre aproximadamente entre 35 e 40 dias após a abertura floral, estendendo-se de dezembro a abril na Região Sudeste.  Para que a polinização seja bem sucedida, é necessário evitar o molhamento da flor, sendo a tarefa de tampar os botões florais uma atividade obrigatória nessas variedades. 

A fruta tem tido cada vez mais aceitação pelo consumidor, o que equilibra o preço em função da oferta e da demanda, uma vez que a área cultivada também tem aumentado bastante. Assim, espera-se que o preço da fruta ainda se mantenha justo no futuro. 

Por ser cultura de ciclo longo, podendo ser mantida por 20 a 30 anos em produção, e com período de sazonalidade de produção, que demanda maior dedicação no período da colheita, que ocorre no verão, o produtor pode conduzir seu cultivo em conjunto com outras atividades que concentrem maior dedicação no inverno, ficando menos suscetível a variações de mercado ao longo do ano.

“Hoje, já encontramos diversos produtos industriais à base de pitaya, como bebida alcoólica, suco, congelados, sorvete, doce, farinha, shampoo, creme hidratante e suplementos. A pitaya já se estabeleceu no mercado nacional”, conclui Hugo Zófolli.

Floração