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Obesidade infantil e alimentação saudável são temas de roda de conversa promovida pela SES-RJ
Obesidade infantil e alimentação saudável são temas de roda de conversa promovida pela SES-RJ

Profissionais de saúde destacaram a importância do aleitamento materno para evitar o sobrepeso

 

A relação entre a alimentação saudável na primeira infância e a obesidade infantil foi tema de discussão em uma nova roda de conversa online promovida pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ). O evento virtual, realizado nesta segunda-feira (28/09), reuniu profissionais de saúde especialistas em alimentação saudável. A iniciativa serviu para debater as ações de combate à obesidade infantil, tendo como base as dicas e orientações presentes no Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos, elaborado pelo Ministério da Saúde.

Para a coordenadora da Área Técnica de Alimentação e Nutrição (ATAN) da Superintendência de Atenção Primária à Saúde da SES-RJ, Katiana Teléfora, a discussão sobre a obesidade infantil deve contemplar diferentes frentes de atuação dos gestores e profissionais da rede pública de saúde. “Estamos tentando fortalecer o trabalho de vigilância alimentar não só dentro da ATAN, mas na SES-RJ como um todo. Essa é nossa segunda roda de conversa sobre alimentação infantil, pensada e baseada no guia, e traz demandas para pensarmos o tema para frente”, afirmou.

Ao apresentar dados sobre a causalidade entre a má alimentação e o risco de obesidade, a pesquisadora do Instituto de Nutrição da UERJ, Ana Carolina Feldenheimer, destacou o quanto esse é um problema em escala global, de acordo com o estudo Panorama da obesidade em crianças e adolescentes, publicado em 2019 pelo Instituto Desidrata. “Nos últimos 10 anos, com exceção de partes da África e do Sudeste Asiático, a maioria dos países do mundo apresenta problemas com aumento da obesidade infantil.” Segundo ela, os dados do Rio de Janeiro também correspondem a esse quadro. “No estado do Rio, encontramos 8,7% de obesidade, muito acima do 0,13% esperado em uma população saudável.”

Ana Carolina chama a atenção para o impacto que a obesidade infantil pode provocar na saúde de uma pessoa para vida inteira dela. “Crianças com cinco a dez anos de idade que já começam a desenvolver sintomas de obesidade precisam ser tratadas. Essas crianças têm grandes chances de se tornarem adultos com obesidade.”

A pesquisadora também frisou o aleitamento materno como alimentação essencial capaz de evitar sobrepeso, diabetes tipo 1 e asma. Nesse sentido, uma das tarefas dos profissionais de saúde é o monitoramento do aleitamento exclusivo entre crianças até seis meses e do ingresso gradual às práticas alimentares saudáveis até os dois anos de idade. “Mais da metade das crianças brasileiras recebem o aleitamento materno corretamente até os 24 meses de vida, o que é algo muito importante.” Entre os passos ressaltados por Ana Carolina e presentes no guia alimentar, estão incentivar consumo de água, não oferecer alimentos ultraprocessados e zelar para que o momento da alimentação seja feito em família.

A analista de saúde do Instituto Desiderata, Elisa Mendonça, salientou a necessidade de observação do bullying na infância, já que a gordofobia é uma forma de discriminação que afeta as crianças. “Não se deve menosprezar o problema da gordofobia, mesmo que as equipes de Saúde da Família e Atenção Primária não possam resolver todos os casos. O importante é prestar o acolhimento e encaminhamento às pessoas vítimas”, disse.