
Ações da SES-RJ marcam a celebração do Dia Mundial da Saúde Mental e incluem iluminação em verde do Cristo e Maracanã
No ano em que a discussão sobre saúde mental ganha destaque no contexto global da pandemia de Covid-19, o Dia Mundial da Saúde Mental (10/10) chega como um indispensável lembrete de que não basta falar a respeito: é preciso agir - e investir - nessa área. E é para trazer ainda mais destaque e ampliar a conscientização sobre o tema que o Cristo Redentor e o Maracanã - lugares símbolos do estado do Rio de Janeiro - serão iluminados em verde neste sábado, como parte das ações da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) para marcar a data.
“A promoção e a valorização da Saúde Mental, especialmente dentro de um mundo tão tenso e conflitante, exigem das autoridades governamentais e das famílias e instituições de várias expressões humanas, atitudes que darão esperanças às pessoas que sofrem psiquicamente e querem ser cuidadas com competência e amor. O Dia Mundial da Saúde Mental, 10 de outubro, representa um sinal verde da esperança para tantos que sofrem interiormente e desejam ser reconhecidos na sua dignidade e potencialidade familiar e social. Cuidar de quem cuida e deixar-se cuidar são sinais dessa esperança destacada pela cor verde que iluminará o Cristo Redentor na noite do 10 de outubro”, destaca o bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Antonio Augusto Dias Duarte.
Enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que é o escritório regional da OMS para as Américas, aproveitam a data para reforçar o apelo por aumento nos investimentos em saúde mental em todo o mundo e ampliação do acesso aos serviços, a SES-RJ vem fazendo o dever de casa e tem ampliado consideravelmente os repasses aos municípios para ações e programas do setor por meio das políticas de cofinanciamento implementadas em 2019, que possibilitam a ampliação, qualificação e inovação em toda a rede de atendimento e atenção psicossocial.
Em 2020, considerando o total aprovado para o Programa de Cofinanciamento, Fomento e Inovação da Rede de Atenção Psicossocial do Estado do Rio de Janeiro (COFI-RAPS) e outros repasses aos municípios, foram quase R$ 53 milhões, valor mais de 10 vezes superior aos cerca de R$ 5 milhões repassados em 2018, chegando a 96% dos municípios. A Secretaria faz o monitoramento de como os repasses são empregados por meio da Coordenação de Atenção Psicossocial.
Para a superintendente de Atenção Psicossocial e Populações Vulneráveis (SAPV) da SES-RJ, Karen Athié, o trabalho que vem sendo realizado no estado do Rio de Janeiro coloca na linha de frente a discussão sobre as lacunas de cuidado em saúde mental e direitos humanos à luz da equidade, um dos princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Nós temos associado essa discussão às especificidades de populações que estão em situações de maior vulnerabilidade, considerando as necessidades e particularidades de cada uma para fomentar a construção de políticas que sejam inclusivas no campo da justiça social e oferta dos cuidados em saúde mental”, afirma Karen.
Demanda crescente, retorno exponencial
A emergência sanitária gerada pela pandemia do novo coronavírus exerceu e continua a representar um impacto notável sobre a saúde mental de toda a população, multiplicando casos de depressão, ansiedade, crise de pânico, abuso de álcool e outras drogas e diversas formas de violência. A expectativa é que a demanda por cuidados e apoio psicossocial continue a crescer nos próximos meses e anos.
“Nós temos uma luta importante pela frente, que se divide em várias áreas, tanto no que se refere ao estigma e preconceito que ainda existem em relação ao adoecimento mental, quanto em questões como o sofrimento emocional gerado pelo trabalho, cada vez mais prevalente nos dias de hoje, o alcoolismo, a dependência química e as situações de vulnerabilidade relacionadas à pobreza, falta de estrutura e oferta de cuidados que são básicos à vida das pessoas”, ressalta a superintendente da SAPV.
Segundo a OMS, a economia global perde mais de US$ 1 trilhão ao ano devido à depressão e à ansiedade, e o investimento em larga escala no tratamento desses transtornos é traduzido em um retorno cinco vezes maior em termos econômicos. Apesar disso, de acordo com a consultora em saúde mental da OPAS/OMS no Brasil, Catarina Dahl, ainda existe um descompasso entre a carga global de doenças atribuídas às condições mentais e a disponibilidade dos serviços de saúde mental. “Com a pandemia, essa situação se agravou ainda mais. Estamos sentindo os impactos em nossa saúde mental e também na oferta e no funcionamento dos serviços. Mais do que nunca, é necessário investir”, conclui a especialista.