Agroflorestas: solução natural para compensar carbono e regenerar o planeta
Agroflorestas: solução natural para compensar carbono e regenerar o planeta
AGROFLORESTAS

O Dia Internacional das Florestas, celebrado no dia 21 de março, foi uma grande oportunidade para a reflexão sobre o papel essencial das florestas para a vida no planeta. As florestas abrigam cerca de 80% da biodiversidade terrestre e são, também, peças fundamentais para o equilíbrio climático global.

Em tempos de emergência climática, as soluções baseadas na natureza, como as agroflorestas, surgem como opções sustentáveis que unem conservação ambiental e geração de renda para as comunidades.

As agroflorestas - sistemas produtivos que integram árvores, cultivos agrícolas e, muitas vezes, a criação de animais - destacam-se como prática que alia recuperação ambiental e produção de alimentos. Diferentemente do desmatamento para lavouras convencionais, as agroflorestas respeitam a dinâmica natural da floresta, promovendo o sequestro de carbono, a melhoria do solo e a proteção dos recursos hídricos.

Agroflorestas 2"Podemos afirmar que tais agroflorestas, principalmente quando bem aferidas com espécies nativas e culturas econômicas, podem contribuir muito para a mitigação do carbono atmosférico. Como exemplo, podemos citar a agrofloresta formada pela seringueira, por espécies nativas e por outras culturas que, em estudos realizados anteriormente, segregou igual ou mais carbono do que uma mata nativa natural. No Estado do Rio de Janeiro, tais práticas poderão beneficiar agricultores que adotarem as agroflorestas em seus sistemas de produção", afirma Aldo Bezerra, pesquisador do Centro Estadual de Pesquisa em Agroflorestas, da Pesagro-Rio.

Além dos benefícios diretos ao meio ambiente, as agroflorestas se conectam cada vez mais ao mercado global de créditos de carbono, mecanismo que permite a compensação de emissões de gases de efeito estufa. “Como as agroflorestas sequestram grandes quantidades de carbono ao promover o crescimento de árvores e a regeneração do solo, elas se tornam elegíveis para a geração desses créditos”, explica Bezerra.

O avanço das políticas de créditos de carbono voltadas para agroflorestas pode representar uma revolução no modo como o mundo enxerga a produção rural. A restauração produtiva de áreas degradadas por meio de agroflorestas vai além da captura de carbono, pois também contribui para a segurança alimentar e para a valorização dos saberes tradicionais, formando um ciclo positivo e integrado. Além disso, o reconhecimento internacional das agroflorestas como prestadoras de serviços ambientais é considerado fundamental para ampliar seu impacto e fortalecer essas práticas no enfrentamento das mudanças climáticas.

As agroflorestas aparecem, portanto, como solução concreta e integrada para os dilemas do século XXI: conservar a biodiversidade, combater a crise climática e garantir meios de vida sustentáveis. Ao valorizar a floresta dentro de um sistema de agricultura sustentável, é possível pensar em construir um futuro em que economia e natureza caminham lado a lado, com benefícios mútuos para as pessoas e para o planeta.