Mea Culpa: Imane Khelf recebe pedido de desculpas de federação internacional

Atleta foi citada em anúncio de teste genético de gênero que passará a ser exigido
A World Boxing, federação internacional responsável pelo boxe olímpico desde fevereiro, pediu desculpas, na última terça-feira (03/06), à boxeadora argelina Imane Khelf, por citá-la em um comunicado sobre novos testes da federação.
Anunciados na sexta-feira da semana passada (30/05), os testes da World Boxing são genéticos e visam comprovar o gênero tanto para homens quanto para mulheres. A federação afirma que a medida é necessária para "garantir a segurança de todos os participantes e proporcionar uma competição com igualdade de condições para homens e mulheres".
Quando a nova exigência foi anunciada, o nome de Imane foi citado de modo direto no comunicado, o que o presidente da entidade, Boris Van Der Vorst, posteriormente admitiu ter sido um erro. “Escrevo pessoalmente para apresentar minhas desculpas formais e sinceras. Reconheço que sua particularidade deveria ter sido protegida”
O comunicado dizia especificamente que a organização mandou uma carta à Federação Argelina de Boxe informando que Khelif "não poderá competir na categoria feminina" em eventos da World Boxing até se submeter ao exame. Ele também suspendia a atleta de competir na participar da Copa do Mundo de Eindhoven (Holanda), entre 5 e 10 de junho.
No anúncio, a World Boxing informou que todos os atletas acima de 18 anos deverão realizar um teste genético PCR (por swab nasal, oral, saliva ou sangue).
Imane Khelf, boxeadora argelina de 26 anos, tem sido centro de uma polêmica desde sua participação nos Jogos de Paris 2024, onde conquistou a medalha de ouro no boxe feminino.
Na ocasião, foi relembrado o fato de que Khelif foi desqualificada pela Associação Internacional de Boxe (IBA) no campeonato mundial de 2023 após um teste que, segundo o órgão, atestou a presença de cromossomos y, tornando-a inelegível para lutar como mulher.
No entanto, a IBA perdeu seu reconhecimento olímpico por questões políticas, e o Comitê Olímpico Internacional permitiu que ela competisse em Paris, defendendo agressivamente sua posição após fortes críticas. Uma organização rival da IBA, a World Boxing, recebeu reconhecimento provisório como o órgão internacional que rege o esporte no mês passado.
Por Enzo Anselmo